O personagem é conhecido mundialmente e suas revistas estão entre as mais vendidas há décadas. Já virou série animada, filmes, jogos e outras formas de mídias. Sua primeira aparição foi em 1962 na revista americana Amazing Fantasy n° 15 e seus criadores são apenas os mais bem-sucedidos das histórias em quadrinhos americanas. Homem-Aranha (Spider-Man no original) de Stan Lee e Steve Ditko chegou ao Brasil primeiramente pela Ebal e depois pela editora Carioca Bloch.
Foi na editora do cachorrinho que os brasileiros puderam vê as histórias publicadas em Amazing Spider-Man em cores pela primeira vez. Na Ebal as revistas eram em preto e branco e apenas algumas edições chegaram coloridas com histórias da série Marvel Team Up. Vamos conhecer as edições lançadas pela Bloch e suas curiosidades.
O Homem-Aranha, no Brasil dos anos 70, já era um personagem conhecido da garotada que assistia os desenhos animados da TV. Depois que a Ebal deixou de publicar o amigão da vizinhança foi a vez da Bloch lançar uma revista em 1975 em cores. A sua distribuição era mensal até 1976 e trimestral a partir de 1977. Foram trinta e três edições nesse período com uma média de 68 páginas.
A Bloch tentou chamar a atenção dos leitores apostando em uma revista colorida, no contexto da época, isso representava um grande diferencial sobre as edições em preto e branco da Ebal, e suas histórias começaram cronologicamente desde a primeira edição. Foram 88 histórias da série original americana publicadas nas páginas da revista.
A série lançada pela Bloch apostava no formatinho e no uso das cores. O formato adotado pela Ebal era o magazine e em preto e branco. Foram trinta e três edições coloridas pela Bloch e setenta edições pela Ebal.
Os brindes nas edições de lançamento eram uma forma que as editoras faziam para conquistar novos leitores e agradar os antigos. Na imagem acima temos o poster do aranha distribuído na edição número 1 de lançamento. Encontrei na net uma história envolvendo esses posteres. Parece que O Banco Grande Rio patrocinava a Bloch e se o leitor fizesse uma caderneta de poupança ou novos depositos nele conseguia ganhar o brinde. O problema era que as agências só existiam no Rio de Janeiro e os leitores de outros Estados teriam "dificuldades" para conseguir o brinde. Isso explicaria a raridade para encontrar esse item hoje em dia. Lembrando o seguinte, na edição 1 temos bem destacado na capa: "grátis! Um poster colorido".
Um probleminha enfretado pela Ebal e talvez pela Bloch era a quantidade de historias por edição. Como não tinha muitas histórias novas na cronologia americana como sustentar uma revista mensal? A solução encontrada foi republicar tudo desde o começo, mesmo que o leitor já tenha lido a história pela Ebal. O leitor teve pelo menos acesso a uma revista colorida, bem colorida mesmo, com personagens em tonalidades chamativas e cenários de fundo rosa-choque, azul-claro, amarelo, entre outras coisas. Muitos leitores perceberam a mudança nas cores dos uniformes dos personagens e isso marcou essa fase dos quadrinhos Marvel no Brasil. Mas valeu a intenção, antes da Bloch não era comum revistas de heróis coloridas e a editora arriscou uma nova forma de publicar quadrinhos no Brasil. Depois dela, quadrinhos em preto e branco já não agradavam tanto os leitores.
A Bloch chegou a lançar uma edição especial do Aranha chamada Album Maravilha - Homem-Aranha e os Super-Herois, com 132 páginas em 1978. Eram aventuras tiradas da série de TV Spidey Super Histories com a arte de Jack Kirby, Don Heck, Win Mortimer e histórias de Stan Lee. As quatro histórias do Aranha, O nascimento do Homem-Aranha, (recontando sua Origem), Os braços do Dr. Octopus, Circo do Crime e Mestre do Mistério, não foram mais republicadas no Brasil, com exceção das outras histórias da edicão com os personagens Quarteto Fantástico, Capitão América e Thor.
A galeria de vilões do personagem sofreu um pouco na tradução dos nomes: o Dr. Octopus foi chamado Dr. Polvo, o Abutre Gavião e o conservador o terrível remendão. A edição número 1 trouxe histórias clássicas e muito republicadas no Brasil.
Na capa da segunda edição temos o Doutor Destino estilo Bloch. As cores alteradas deixaram o personagem com cara de figurante de escola de samba (Rosa, amarelo e azul). O leitor da época deve ter notado essa mudança ou não? Me pergunto como a Marvel entendia essa confusão na escolha das cores. Nessa edição o Aranha enfrenta o terrível Doutor Destino, o arenoso vilão Homem-Areia e ainda a primeira aparição de Betty Brant.
Na edição n° 3 temos a primeira aparição do Lagarto em 'O terrível lagarto'. Na sequência, 'A volta do Gavião', ou melhor, do Abutre. Mais duas clássicas histórias de Stan Lee e Steve Ditko.
Na quinta edição temos mais uma rara edição do Homem-Aranha pela Bloch, o escalador de paredes enfrenta 'A terrível ameaça do Cérebro vivo' e 'Os Executores'. Também seu rival da época de colégio-Flash Thompson. A partir da primeira história Peter Parker deixa de usar óculos. Duas clássicas aventuras assinadas por Stan Lee e Steve Ditko.
Na edição n° 10 o Aranha enfrenta o Escorpião, Besouro e o Circo do Crime.
Essa fase clássica tbm foi marcada por um grande mistério que se estendeu por anos a fio: "Quem era o Duende Verde"??? Quando o vilão apareceu pela 1º vez, ninguém sabia sua identidade secreta e vários personagens da série viraram "suspeitos" de serem o Duende: Jameson, Flash (colega fanfarrão do Peter), Ned (fotógrafo rival do Peter), e vários outros, até que depois de uns 4 anos de mistério, foi revelado que o Duende na verdade era Norman Osborn (pai do melhor amigo de Peter)!!!
Na edição n° 13 temos três histórias feitas pela dobradinha Stan Lee e Steve Ditko. O amigão da vizinhança enfrenta um de seus mais mortíferos inimigos: O Escorpião.
Nesse nº 15 do Aranha pela Bloch, três aventuras: 'O despontamento do Metalóide', com a volta do vilão Magma. 'A queda do Meteoro', com a primeira aparição do Meteoro, mostrando sua origem. E 'Era uma vez, um robô!'. Todas da clássica dupla Stan Lee e Steve Ditko.
Essa é a 17ª edição do Homem-Aranha lançada pela Bloch em 1976. São três aventuras onde o amigão da vizinhança enfrentando o Rhino. E ainda: o Aranha conhece, finalmente, Mary Jane Watson.
Nesta Edição do Homem-Aranha pela Editora Bloch, o Aracnídeo enfrenta oponentes de peso em três aventuras: O Mutante Mercúrio(Homem-Relâmpago) em 'Na Base da Velocidade', por Stan Lee, John Romita e Jim Mooney. O Shocker(O Vibrador) em 'Desafiando a Sorte' Por Stan Lee, John Buscema, John Romita e Jim Mooney. E 'O Homem-Montanha', por Stan Lee, John Buscema e Jim Mooney. Todas com o Colorido característico da Editora.(Note que o nome de Gwen foi alterado para Gina).
Na edição n° 31 temos um poster nas páginas centrais e informações sobre a produção do filme do herói. E, claro, três aventuras do amigão da vizinhança, onde ele enfrenta o Planejador e o Rei do Crime (O Ardiloso, A volta do Chefão e O segredo do Ardiloso), por Stan Lee, John Romita, Mike Esposito, John Buscema e Jim Mooney.
No último número da coleção o Aranha é desmascarado. Nessas histórias clássicas, o heroi é um adolescente de 16 anos que ainda estuda no colegial, começa a se envolver com suas primeiras namoradas (Betty Brant, Gwen Stacy, e Mary Jane) e arruma seu 1º emprego de fotógrafo do Clarim Diário!!! Nesta edição, três clássicas aventuras da década de 70: 'Contra a Viúva-Negra', 'Finalmente desmascarado!' e 'Os tentáculos do Dr. Octopus'. Bônus: Uma raríssima ilustração feita por John Romita em forma de pôster, e outra para pintar. E ainda: Uma micro-Biografia com o Capitão Aza.
A Bloch, apesar da confusão das cores, traduções esquisitas, etc, é uma editora que faz parte marcante da Marvel no Brasil. Ela errou muito, é verdade, mas ousou muito também, colocou quase todos os personagens Marvel em revista própria, quem imaginaria isso? Uma das coleções mais marcantes e raras é a do Homem-Aranha, a revista Marvel mais longeva da editora, dois especiais e pelo menos 2 brindes. Enfim, é mais uma faceta da editora da cachorrinha!